Mas, aqui... eu perco um pouco esses pudores.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Um tal João

E pra este tempo bom de (re)invenções, de aprender tudo de novo, de apreciar cada migalha boa da vida como se fosse um banquete de redenção ofertado pelos deuses...
E pra este tempo bom de não chorar, de não ouvir e não lembrar...
E pra este tempo bom de dor de amor que vai passar...
Um tal João canta e sorri...
Canções e sorrisos de Chico Buarque no ambiente insólito do Valentino.
A dor de amor até tenta gritar, espernear e tripudiar entre as quatro amigas...
Mas, o que está perto contagia mais.
As letras e as notas do Chico com a voz e o sorriso deste tal João...
A dor de amor perdeu a voz e a inspiração.
Calou-se pra dar voz ao Chico.
Silenciou pra ouvir um tal João.
PS: A foto é deste mesmo tal João, vocalista da banda Matitaperê. Fica registrada a minha admiração pelo músicos que nos presentearam com um verdadeiro espetáculo de talento e simpatia.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Deserção

Sim, camarada... Estou desertando. Na verdade, nós já perdemos esta guerra há muito tempo. É suicídio continuar.
Já não temos armas e nosso corpo já não suporta sustentar o que até nossa memória abandonou.
Você ainda se lembra pelo que lutávamos? Nossa luta é inglória. O mundo condenou nossa ideologia.
Nós nem sabemos mais qual era a nossa causa... A paz? Não seja ingênuo, camarada... A paz não nos quer. Ela tem outras prioridades... Anda muito ocupada...
“Utopia” – você se lembra?
Deixe-me nesta vala, camarada... Está doendo bastante e eu não quero mais me levantar. Quero fechar os olhos e sonhar que nada disso aconteceu. Que nós nunca derramamos sangue e lágrimas... Que os destroços nem existem... Depois contabilizamos os prejuízos, camarada... Depois recolhemos os espólios. Agora, quero ficar aqui nesta vala... Ela é o único leito de um soldado caído. Ela é o descanso para quem a força não existe mais. Ela absorve o sangue que escorre das feridas abertas e agônicas do abandono.
É claro que dói, camarada...
Dói desertar...
Dói abdicar de uma paz que eu tanto busquei.
Mas, não dá pra continuar assim... A dor turvou meu entendimento. Os seus sinais e códigos secretos já não me permitem interpretação. Quando você acena pra que eu continue, penso que sinaliza pra eu recuar. É tudo inviável, até mesmo a comunicação. Eu já não sei mais lutar.
Não há vitória...
Apenas estampidos ao longe que me dizem que não vale mais a pena tentar...
Eu me perdi no meio de tantas batalhas, de tantas noites de vigília, de tantas datas oficiais e sobressaltos e alarmes falsos... Agora, veja o que sou: um soldado caído, ferido, cansado e letárgico... Você se lembra daquela sua letargia? Agora ela é toda minha... Sinto-me exausto e suas mensagens cordialmente impessoais já não me estimulam mais. Estou desistindo desta guerra de merda, ilustre soldado.
Espero que você faça o mesmo antes de se ferir tão gravemente...
Antes de ver em seu corpo as feridas que tenho em mim...
Antes de se transformar num espólio de guerra fatigado de dor no fundo de uma vala...
Sinto-me perdido e às vezes fica difícil diferenciar você, companheiro combatente... do inimigo que silenciosamente me ataca. Eu já nem sei se existe mesmo um inimigo, camarada...
Mas, se há... Deixe-me aos seus desígnios.
Deixe-me descansar nesta vala...
Eu acabo de desertar, nobre camarada.
Já não temos armas e nosso corpo já não suporta sustentar o que até nossa memória abandonou.
Você ainda se lembra pelo que lutávamos? Nossa luta é inglória. O mundo condenou nossa ideologia.
Nós nem sabemos mais qual era a nossa causa... A paz? Não seja ingênuo, camarada... A paz não nos quer. Ela tem outras prioridades... Anda muito ocupada...
“Utopia” – você se lembra?
Deixe-me nesta vala, camarada... Está doendo bastante e eu não quero mais me levantar. Quero fechar os olhos e sonhar que nada disso aconteceu. Que nós nunca derramamos sangue e lágrimas... Que os destroços nem existem... Depois contabilizamos os prejuízos, camarada... Depois recolhemos os espólios. Agora, quero ficar aqui nesta vala... Ela é o único leito de um soldado caído. Ela é o descanso para quem a força não existe mais. Ela absorve o sangue que escorre das feridas abertas e agônicas do abandono.
É claro que dói, camarada...
Dói desertar...
Dói abdicar de uma paz que eu tanto busquei.
Mas, não dá pra continuar assim... A dor turvou meu entendimento. Os seus sinais e códigos secretos já não me permitem interpretação. Quando você acena pra que eu continue, penso que sinaliza pra eu recuar. É tudo inviável, até mesmo a comunicação. Eu já não sei mais lutar.
Não há vitória...
Apenas estampidos ao longe que me dizem que não vale mais a pena tentar...
Eu me perdi no meio de tantas batalhas, de tantas noites de vigília, de tantas datas oficiais e sobressaltos e alarmes falsos... Agora, veja o que sou: um soldado caído, ferido, cansado e letárgico... Você se lembra daquela sua letargia? Agora ela é toda minha... Sinto-me exausto e suas mensagens cordialmente impessoais já não me estimulam mais. Estou desistindo desta guerra de merda, ilustre soldado.
Espero que você faça o mesmo antes de se ferir tão gravemente...
Antes de ver em seu corpo as feridas que tenho em mim...
Antes de se transformar num espólio de guerra fatigado de dor no fundo de uma vala...
Sinto-me perdido e às vezes fica difícil diferenciar você, companheiro combatente... do inimigo que silenciosamente me ataca. Eu já nem sei se existe mesmo um inimigo, camarada...
Mas, se há... Deixe-me aos seus desígnios.
Deixe-me descansar nesta vala...
Eu acabo de desertar, nobre camarada.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Cianureto de Potássio

É por isso que eu decidi que você deve morrer.
Uma dose de cianureto de potássio no seu café e estará tudo resolvido.
Porque nós sabemos que o abismo já existe, meu bem...
O cianureto é só pra garantir que seja intransponível mesmo!
PS: Sim, às vezes eu tenho pensamentos homicidas.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Poeminha obsceno – Para não dizer que não falei de sexo...

Eu sei que os versos abaixo parecem incoerentes com a proposta um tanto pudica deste blog, mas tenho uma explicação para o poeminha “obsceno” que segue: A pessoa que o escreveu.
Colocaria o nome dele em letras garrafais aqui se tivesse autorização pra isso.
Porém, meu poeta preferido é tímido...
Devo dizer que ele tem longos cabelos nos quais eu já fiz tranças, tem o direito legítimo e inalienável de apertar minhas bochechas e é um oásis em meio ao deserto intelectual de uma cidadezinha do norte paranaense.
É uma honra publicar estes versos que me provocam saudade das noites de risadas soltas e dos escritos deste amigo lá na escadinha do CCH enquanto esperávamos o ônibus de volta pra casa...
Com todo meu amor e reverência, apresento:
Falácio D’Altamira
Colocaria o nome dele em letras garrafais aqui se tivesse autorização pra isso.
Porém, meu poeta preferido é tímido...
Devo dizer que ele tem longos cabelos nos quais eu já fiz tranças, tem o direito legítimo e inalienável de apertar minhas bochechas e é um oásis em meio ao deserto intelectual de uma cidadezinha do norte paranaense.
É uma honra publicar estes versos que me provocam saudade das noites de risadas soltas e dos escritos deste amigo lá na escadinha do CCH enquanto esperávamos o ônibus de volta pra casa...
Com todo meu amor e reverência, apresento:
Falácio D’Altamira
Quando a anca a donzela me vira
Sem saber quem eu sou, nem meu nome,
Eu estoco e sacio a tal fome...
- Sou o Agente Secreto Altamira!
E não falha! É precisa essa mira!
Esse falo, "lá dentro" ele some.
No galope a donzela ele come,
- Sou o Agente Secreto Altamira!
Sempre ereto! Mortal vigilante!
Sobre ti, grande mastro gigante
A Bandeira é que ondula, é que gira!
O meu nome primeiro é Falácio.
Com recato, penetro mais fácil.
-Sou o Agente Secreto Altamira!
Agente Secreto Falácio D'Altamira.
PS: Este blog estará sempre aberto para os escrito obscenos do meu poeta preferido pela qualidade literária e poética dos mesmos, nem que para isto tenhamos que transformá-lo em uma página de conteúdo restrito, pois o crime compensa! E a imagem é sugestão dele: “essa cabeça fálica, de 1536, de Gubbio, Itália. Já foi símbolo de bem estar, de fertilidade e de amuleto contra a inveja (Roma)”.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
07/09/2008

Eu não costumo guardar datas. Algumas é que se guardam em mim.
Algumas que invadem uma manhã qualquer de distração, outras que atormentam o sono, outras simplesmente chegam contrariando as palavras e o meu estômago.
As datas nunca significam nada, a menos que me digam algumas verdades, contem alguma história (in)feliz, marquem algum acontecimento que a memória se recusa a jogar fora...
Eu nasci no dia de um desastre nuclear.
Meus pais não devem se lembrar do acidente de Chernobyl em 86, pois estavam ocupados demais com a criatura que nascia com uma hérnia inguinal encravada na virilha esquerda.
Algumas pessoas não sabem que em 02/08/2008 um rapaz de 19 anos, de Charqueada, morreu na hora depois de colidir com a traseira de um caminhão na rodovia Fausto Santomauro, pois estavam ocupadas demais sendo genuinamente felizes para enlouquecer pouco mais de um mês depois.
Eu não sabia que em 07/09/2008 uma garota asmática com flores tatuadas nos ombros se atirava do sexto andar de um edifício em Praga, porque eu estava ocupada demais sendo genuinamente feliz sem conhecer o prefácio da loucura que já se anunciava pouco mais de um mês antes em um lugar onde eu jamais estivera...
Onde eu estava em 02/08/2008?
Quem você era em 07/09/2008?
Quantas pessoas morreram no dia em que eu nascia?
Quais são as datas guardadas no seu corpo?
E quais delas te contam histórias reais?
Algumas que invadem uma manhã qualquer de distração, outras que atormentam o sono, outras simplesmente chegam contrariando as palavras e o meu estômago.
As datas nunca significam nada, a menos que me digam algumas verdades, contem alguma história (in)feliz, marquem algum acontecimento que a memória se recusa a jogar fora...
Eu nasci no dia de um desastre nuclear.
Meus pais não devem se lembrar do acidente de Chernobyl em 86, pois estavam ocupados demais com a criatura que nascia com uma hérnia inguinal encravada na virilha esquerda.
Algumas pessoas não sabem que em 02/08/2008 um rapaz de 19 anos, de Charqueada, morreu na hora depois de colidir com a traseira de um caminhão na rodovia Fausto Santomauro, pois estavam ocupadas demais sendo genuinamente felizes para enlouquecer pouco mais de um mês depois.
Eu não sabia que em 07/09/2008 uma garota asmática com flores tatuadas nos ombros se atirava do sexto andar de um edifício em Praga, porque eu estava ocupada demais sendo genuinamente feliz sem conhecer o prefácio da loucura que já se anunciava pouco mais de um mês antes em um lugar onde eu jamais estivera...
Onde eu estava em 02/08/2008?
Quem você era em 07/09/2008?
Quantas pessoas morreram no dia em que eu nascia?
Quais são as datas guardadas no seu corpo?
E quais delas te contam histórias reais?
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Ofício nº 151079
Eis que um ilustre leitor resolveu entrar na brincadeira e escrever um Ofício em resposta ao que postei aqui no dia 19 de fevereiro de 2009. Reconheço o direito de resposta, por isso também o publico neste espaço. Sem data nem endereço, pois o recebi assim...
A senhora Estrela,
Declaro, senhora Estrela, para os devidos [e até indevidos] fins, que sempre fui péssimo com esses documentos burocráticos... péssimo em todos os sentidos; interpreto-os mal e, diante da possibilidade, ou obrigatoriedade, de repetir tal formulação, escorrego... como aquele nobre cavaleiro que “tropeça publicamente nos tapetes da etiqueta...”
Mas, como o assunto [e o objeto astronomicamente apaixonante que habita por detrás do oficio] é importante, tentarei expor com alguma clareza, que há de capengar aqui ou ali, em razão das emoções, essas meninas serelepes que ficam aqui, pulando, cantando, gritando, fazendo um carnaval das minhas linhas tortas.
Já está confuso... Bem, já que o caso “requer” circunspeção, deixemos que esta humilde frase venha a ser como aqueles homens magros, bem vestidos, que se curvam para anunciar a chegada da “realeza”...
Cada linha do seu oficio feriu-me como uma lança em chamas, ferindo coração e alma a um só tempo...
Já das mais pueris construções sintáticas e semânticas nascia em mim um rio caudaloso e profundo de emoções, que empurrava o barco frágil e rude da razão para o espaço.
Que insultos atrozes eram aqueles: “só porque está mortificado de vergonha por ter batido no peito se dizendo um exemplo de coragem e força...”
A um só tempo via eu o amor e orgulho feridos dentro de mim... E aquela mania de defender-se ainda antes do ataque..., de prever, de resguardar, já estava a muito atuando no meu espírito de menino... Não haverá mais frases em que eu não receba com pedras nas mãos... Aquele estranho circuito, visão, assimilação, sinapse, projeção... Todo protegido por um exército de guardiões insolentes e insolentes...
Que aprenderam desde cedo a suportar as dores em silencio... e a disfarçar o medo.
Que aprenderam desde cedo a “ter a resposta antes mesmo de ouvir a pergunta”.
Que aprenderam a esconder os sentimentos.
Que aprenderam os valores machistas de uma cultura superficial e vazia.
Que “pousaram” e “desposaram” dogmas intrínsecos aos símbolos fabulosos das fadas e de uns falsos demônios...
Que aprenderam a ouvir Não e calar.
Que aprenderam a rastejar 23:59hs para pousar de Deus no derradeiro minuto...
Que aprenderam a estar eternamente ao lado da porta que nunca se abrira...
Que aprenderam a julgar antes de sonhar...
Que aprenderam a temer o erro... e nunca arriscar...
Que aprenderam que tudo é competição, e que não há lugar para perdedores.
E todo o meu eu, então, odiava-a, crucificava-a, senhora Estrela... por expor assim deliberadamente, o maior ultraje a que um homem orgulhoso como eu pode ser submetido: fraquejar!
Expor a maneira como calei, como fiz do meu amor instrumento, bússola e nau...
Expor a maneira como a minha letargia fez de mim um dos mais nobres cúmplices da arte de engolir sapos...
E o mais duro... Ver estampado nas suas frases o brasão da descoberta: Eu era mais um covarde como todos os outros milhares que se disfarçam muito bem por aí...
E isso me deprimiu com uma amargura que o próprio Dostoievski não saberia exprimir...
Odiava-a com todas as minhas forças e, se pudesse, fulminaria todos os seus textos e existência... Extirpava, rasgava, assassinava!
Até que por descuido, algum querubim folgazão primiu alguma tecla sedentária, e que não opôs a mínima resistência...
E esta imagem saltou aos meus olhos...

E toda a “PORRA” do meu orgulho...
Do meu medo...
Da minha vontade de “ser eu mesmo”...
Da minha ganância...
Da minha vaidade,...
Da minha esperança de ser justo...
Da minha insensatez...
Toda a maturação estética...
Toda a puerilidade filosófica...
Toda melodia simplória...
Todas as ondas de um oceano contaminado....
Todas as asas da liberdade outrora encarceradas...
Todas as frustrações reavivadas pela inoportuna consciência...
Todas as tentativas fracassadas...
Todos os “moinhos-de-vento”...
Todas as musas disfarçadas de humanidade...
Todas as mentiras disfarçadas de verdade...
Todas as palavras ocultadas...
Todas as flechas erradas..
Todas as mãos que nunca se tocaram...
Todos os lábios que nunca se beijaram...
Todos os artigos [e ofícios] escritos...
Todos...
Todos...
E tudo dentro de mim...
Ajoelhou-se para contemplar o milagre de um amor...
Que tem capelo...
Que tem óculos...
E que tem tudo que eu não poderia ter...
SEM TER VOCÊ.
O VEREDICTO É VERDADE E DOU FÉ.
ASS: Menino da Estrela.
A senhora Estrela,
Declaro, senhora Estrela, para os devidos [e até indevidos] fins, que sempre fui péssimo com esses documentos burocráticos... péssimo em todos os sentidos; interpreto-os mal e, diante da possibilidade, ou obrigatoriedade, de repetir tal formulação, escorrego... como aquele nobre cavaleiro que “tropeça publicamente nos tapetes da etiqueta...”
Mas, como o assunto [e o objeto astronomicamente apaixonante que habita por detrás do oficio] é importante, tentarei expor com alguma clareza, que há de capengar aqui ou ali, em razão das emoções, essas meninas serelepes que ficam aqui, pulando, cantando, gritando, fazendo um carnaval das minhas linhas tortas.
Já está confuso... Bem, já que o caso “requer” circunspeção, deixemos que esta humilde frase venha a ser como aqueles homens magros, bem vestidos, que se curvam para anunciar a chegada da “realeza”...
Cada linha do seu oficio feriu-me como uma lança em chamas, ferindo coração e alma a um só tempo...
Já das mais pueris construções sintáticas e semânticas nascia em mim um rio caudaloso e profundo de emoções, que empurrava o barco frágil e rude da razão para o espaço.
Que insultos atrozes eram aqueles: “só porque está mortificado de vergonha por ter batido no peito se dizendo um exemplo de coragem e força...”
A um só tempo via eu o amor e orgulho feridos dentro de mim... E aquela mania de defender-se ainda antes do ataque..., de prever, de resguardar, já estava a muito atuando no meu espírito de menino... Não haverá mais frases em que eu não receba com pedras nas mãos... Aquele estranho circuito, visão, assimilação, sinapse, projeção... Todo protegido por um exército de guardiões insolentes e insolentes...
Que aprenderam desde cedo a suportar as dores em silencio... e a disfarçar o medo.
Que aprenderam desde cedo a “ter a resposta antes mesmo de ouvir a pergunta”.
Que aprenderam a esconder os sentimentos.
Que aprenderam os valores machistas de uma cultura superficial e vazia.
Que “pousaram” e “desposaram” dogmas intrínsecos aos símbolos fabulosos das fadas e de uns falsos demônios...
Que aprenderam a ouvir Não e calar.
Que aprenderam a rastejar 23:59hs para pousar de Deus no derradeiro minuto...
Que aprenderam a estar eternamente ao lado da porta que nunca se abrira...
Que aprenderam a julgar antes de sonhar...
Que aprenderam a temer o erro... e nunca arriscar...
Que aprenderam que tudo é competição, e que não há lugar para perdedores.
E todo o meu eu, então, odiava-a, crucificava-a, senhora Estrela... por expor assim deliberadamente, o maior ultraje a que um homem orgulhoso como eu pode ser submetido: fraquejar!
Expor a maneira como calei, como fiz do meu amor instrumento, bússola e nau...
Expor a maneira como a minha letargia fez de mim um dos mais nobres cúmplices da arte de engolir sapos...
E o mais duro... Ver estampado nas suas frases o brasão da descoberta: Eu era mais um covarde como todos os outros milhares que se disfarçam muito bem por aí...
E isso me deprimiu com uma amargura que o próprio Dostoievski não saberia exprimir...
Odiava-a com todas as minhas forças e, se pudesse, fulminaria todos os seus textos e existência... Extirpava, rasgava, assassinava!
Até que por descuido, algum querubim folgazão primiu alguma tecla sedentária, e que não opôs a mínima resistência...
E esta imagem saltou aos meus olhos...

E toda a “PORRA” do meu orgulho...
Do meu medo...
Da minha vontade de “ser eu mesmo”...
Da minha ganância...
Da minha vaidade,...
Da minha esperança de ser justo...
Da minha insensatez...
Toda a maturação estética...
Toda a puerilidade filosófica...
Toda melodia simplória...
Todas as ondas de um oceano contaminado....
Todas as asas da liberdade outrora encarceradas...
Todas as frustrações reavivadas pela inoportuna consciência...
Todas as tentativas fracassadas...
Todos os “moinhos-de-vento”...
Todas as musas disfarçadas de humanidade...
Todas as mentiras disfarçadas de verdade...
Todas as palavras ocultadas...
Todas as flechas erradas..
Todas as mãos que nunca se tocaram...
Todos os lábios que nunca se beijaram...
Todos os artigos [e ofícios] escritos...
Todos...
Todos...
E tudo dentro de mim...
Ajoelhou-se para contemplar o milagre de um amor...
Que tem capelo...
Que tem óculos...
E que tem tudo que eu não poderia ter...
SEM TER VOCÊ.
O VEREDICTO É VERDADE E DOU FÉ.
ASS: Menino da Estrela.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Na madrugada densa de chuva

Olhou a chuva na luz do poste pensando nela e em tudo que haviam conversado.
Quis ligar para saber como ela se sentia...
Mentira. Queria ligar para dizer a ela como estava se sentindo, pois não conseguia ter qualquer sensação e não contar a ela.
Sentir estava sempre relacionado a ela e aquela chuva torrencial o fazia sentir com mais intensidade.
Não queria olhar para dentro daquele quarto vazio, pois seria igual olhar para dentro de si mesmo e não vê-la sabendo que todos os seus livros e CDs estavam impregnados dela, do cheiro, do sorriso, da voz e da falta que ela faz.
Atravessou o quarto e desceu as escadas.
De repente viu-se na calçada ao pé do poste sentindo a chuva molhar seus cabelos que escorriam acariciando seu rosto.
Sentiu a camisa colando na pele.
Sentiu frio.
Sentiu-se vivo.
As gotas massageavam os músculos tensos de amor dos seus ombros, a dor foi passando e ele decidiu que nunca mais ligaria, nunca mais a veria em livros e CDs, nunca mais... Nunca mais.
Correu os poucos quarteirões que separavam sua casa da dela. Os tênis pesados de chuva, a pele arrepiada de frio e de ansiedade e os músculos tensos de amor.
Gritou seu nome na calçada sem se importar com a hora avançada da madrugada densa...
Ela estava na varanda e não se espantou ao ver o homem que amava naquela madrugada chuvosa...
Abraçou-o e o ouviu dizer que não a queria em livros ou CDs ou dentro de si. Queria-a nos braços, na pele, sob a chuva torrencial...
Iluminada pela luz de um poste na madrugada densa de chuva.
Foto de Roger Rodrigues – o futuro Historiador a quem dedico este humilde texto escrito ao som de True do The Frames.
Quis ligar para saber como ela se sentia...
Mentira. Queria ligar para dizer a ela como estava se sentindo, pois não conseguia ter qualquer sensação e não contar a ela.
Sentir estava sempre relacionado a ela e aquela chuva torrencial o fazia sentir com mais intensidade.
Não queria olhar para dentro daquele quarto vazio, pois seria igual olhar para dentro de si mesmo e não vê-la sabendo que todos os seus livros e CDs estavam impregnados dela, do cheiro, do sorriso, da voz e da falta que ela faz.
Atravessou o quarto e desceu as escadas.
De repente viu-se na calçada ao pé do poste sentindo a chuva molhar seus cabelos que escorriam acariciando seu rosto.
Sentiu a camisa colando na pele.
Sentiu frio.
Sentiu-se vivo.
As gotas massageavam os músculos tensos de amor dos seus ombros, a dor foi passando e ele decidiu que nunca mais ligaria, nunca mais a veria em livros e CDs, nunca mais... Nunca mais.
Correu os poucos quarteirões que separavam sua casa da dela. Os tênis pesados de chuva, a pele arrepiada de frio e de ansiedade e os músculos tensos de amor.
Gritou seu nome na calçada sem se importar com a hora avançada da madrugada densa...
Ela estava na varanda e não se espantou ao ver o homem que amava naquela madrugada chuvosa...
Abraçou-o e o ouviu dizer que não a queria em livros ou CDs ou dentro de si. Queria-a nos braços, na pele, sob a chuva torrencial...
Iluminada pela luz de um poste na madrugada densa de chuva.
Foto de Roger Rodrigues – o futuro Historiador a quem dedico este humilde texto escrito ao som de True do The Frames.
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