Parece que a cada momento é algo diferente... Um outro desafio que aí seria simples, haveria alguém ao seu lado com uma resposta pronta, com uma caneta nas mãos e uma risadinha familiar pra dizer que carnaval é assim mesmo... todo mundo comete excessos.
Aqui, pode ser que você encontre algo depois daquela subida forte – porque há sempre uma subida forte entre você e qualquer coisa de que precise.
Aqui, você sempre precisa de algo que não sabe onde está, ou que espantosamente não existe.
Aqui, não existe o muro das lamentações ou, na pior das hipóteses, você é o muro.
Por outro lado, aqui existe uma infinidade de coisas que você não sabia que existia e que nunca vai saber pra que serve. Coisas de uma capital...
Hoje, você ousa afirmar que todo mundo é louco numa capital, inventando coisas que não servem pra nada ao invés de inventar um bom muro onde se lamentar.
E você se apaixona por qualquer par de olhos grandes e cabelos parecidos com os teus...
Se apaixona e vai embora, deixando aquele par de olhos grandes no ponto de ônibus onde a solidão é uma merda e fica pensando que deveria ter ficado, que deveria ter falado “Olha, eu também não entendo a capital e também sinto falta do frio...”
De onde ela vem faz frio e seus olhos ficam lindos quando ela fala da saudade que sente...
E você pensa que aqui deve ser assim mesmo – voltando do trabalho todos os olhos são lindos de saudades de um outro tempo ou de um outro lugar. E, na fila do mercado, alguém tenta fazer com que seu realismo seja menos fantástico, mas você prefere beber sozinha...
“Bruna Surfistinha! Vamos ver?”
E você vai... Vai porque precisa de qualquer coisa que faça seu estômago esquecer que ele vai embora daqui a pouco e você vai ficar sozinha de novo nesta capital de merda. Perambula pelas ruas com a mochila pesada demais nas costas sem ter pra onde voltar, mesmo antes de saber que voltaria para uma janela arrombada e mais dois ou três pesadelos.
A sensação de não ter pra onde ir depois de três dias inteiros com ele e mais ninguém...
Você sai desse carnaval espantada com tanto carinho que até o mês passado ninguém sabia onde estava... Provavelmente, escondido depois daquela subida forte ou em algum lugar da gente que só se manifesta quando o vê na plataforma de desembarque pronto pra um abraço que ninguém sabia que poderia ser tão bom.
“Sorry, baby. Juro que não era pra gostar tanto assim do teu abraço.”
“Juro que queria saber a hora certa de acordar.”
E você só queria dizer que não foi por coragem que veio até aqui. “Foi o inverso, coração. Coragem seria ficar e mandar à merda a obrigação de vencer na vida.”
Mas, você não diz nada... Afinal, é carnaval e está chovendo. Ele está orgulhoso da sua “coragem”, suas pernas já estão se acostumando com tantas subidas fortes, você já não se lamenta mais, o realismo também é fantástico por aqui e vocês tem um curta para produzir neste feriado que logo acaba.
"Deixa eu brincar de ser feliz/deixa eu pintar o meu nariz"...
(Todo carnaval tem seu fim - Composição: Marcelo Camelo)
Tela: Jacek Yerka - 1952
3 comentários:
É ana todo carnaval tem seu fim, e com ele vai-se embora tudo que achamos ser divertido, mesmo que tenha sido em silêncio, assim vai a vida a perâmbular por ai, querendo encontrar um sorriso próximo, por lugares incertos, e assim nós vamos...indo.. apenas indo trajando fantasias e adereços e nos chafurdando feito loucos, tentando nos abrasar em fogo finito, nossa solidão precisa de algoque nasça e se finda, porque isso nos faz lembrar de viver, e sorrir, e embriagar de coisas que nos desconcertem.
estamos vivos, mesmoque ao deus dará...
saudades de vc, mesmo que nãote conheça, bjs...
Saudades de vc...
Será que a Bruxa Roberta vai aparecer por ai ???
hihi....
felicidades mocinha!!!
É todo carnaval tem seu fim, assim como os acontecimentos de nossa vida tb, mais isso nao quer dizer que nada como um dia a pos o outro para ver nascer denovo.
Adoro a letra dessa musica, mto boa!
abs
Lidianne
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