sábado, 30 de maio de 2009

Sonhos outonais


Não, querida... você não está sozinha. Ouça, alguém respira palavras contidas ao teu lado. Esta sensação deve ser por conta da escuridão e porque você está no olho do furacão, onde o tempo parou e os sons da roda-viva não podem te alcançar.
Não precisa chorar, isso é apenas sono. Sei que você não está suficientemente cansada, mas tente morrer até o dia amanhecer. Não fique procurando a solidão neste teto que está tão longe nem nestes braços que te protegem do frio e de você mesma.
Tente não pensar em nada, querida.
Tente não ouvir o som do que você nem sabe se existe e não sabe o que tem pra te dizer.
Ele está batendo sim, mas isso não tem nada a ver com você.
Lá fora, o mundo continua sua maldade do mesmo jeito e os anjos sentem frio de madrugada por isso se abraçam, tomam mais algumas cervejas e dançam sobre as folhas secas dos sonhos outonais.
Tente morrer até o dia amanhecer e essa sensação vai passar assim que você sentir a luz do furacão invadir a letargia do tempo.
Logo a escuridão vai embora, querida... Sei que é impossível dormir com estas mãos te acariciando assim.
Mas, tente morrer, minha querida... Você está cansada.
E não pense que está sozinha, não duvide do que você está ouvindo bater, tome mais algumas cervejas, abrace para se proteger do frio e de si mesma, esqueça o tempo, as cortinas, a poltrona e o som dos passos na escada.

A luz do dia logo vem.