quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Vamos?


Uma cidade de setenta e três mil habitantes próxima a Belo Horizonte. Muitas montanhas ao redor, ladeiras, subidas, decidas, sotaque de cadência bonita e engraçada, bares, cachoeiras, mil quilômetros de distância de casa, taxistas adoráveis, mais ladeiras, mais montanhas, exploração de minério, pessoas de todas as classes sociais dizendo “ocê”, queijo, doce de leite, mudança, distância, adaptação, “você há de chorar no início”, sim... e muito. Um atestado de higidez mental – posso chorar no início, doutor? Talvez não haja problema se você evitar as lágrimas no horário de trabalho. Meia hora e cento e cinquenta reais depois, um psiquiatra me declara mentalmente apta para exercer minha profissão em Minas Gerais ou em qualquer outro lugar do mundo para em seguida me explicar a beleza da imperfeição deliberada da mandala na parede de seu consultório. É mais um lugar de onde saio com a estranha sensação de que em Minas só tem gente tão encantadora quanto aquela mandala deliberadamente imperfeita.

Um concurso público como desculpa pra passear e a aprovação seis meses depois. O jeito é ir embora, juntar os livros e CDs na mochila rasgada e encarar o Serviço Social em terras mineiras, entre tantas subidas e decidas, onde todo mundo fala “ocê”, sorri, descobre em dois segundos que você é de outro estado e diz com confiança: “Ocê há de gostar daqui, branquinha”.

Temos pouco tempo para decidir se a vida continua aqui no Paraná, se recomeça lá em Minas ou em qualquer outro lugar que, de certa forma, terá sempre ladeiras, encantos e imperfeições.


Foto encontrada aqui