sábado, 4 de junho de 2011

Em voz alta


Buscava elementos literários para um conto oferecido: um varal torto, um vinho chileno, três dias...

Três dias ou um ano? Um ano não cabe num conto. Quem sabe um tratado sobre 30 anos de atraso – um pedido de desculpas por essa juventude inconveniente: “Sorry, baby. Nasci tarde demais, passei 24 anos por aí e depois te encontrei”.

Um passarinho metido a despertador, um abraço bem apertado, um sofá pequeno demais...

Um clássico da literatura universal em prosa erudita sobre o tempo ou um manual prático sobre o amor em três idiomas – sem maiores pretensões. Personagens arrogantes que se encontraram, se perderam e voltaram a se encontrar. Alguma distância para enfeitar e verbos infames de alguém que custou a aprender a pieguice das declarações de amor.

Um beijo de boa noite, uma cama barulhenta, um carinho de bom dia, muitos degraus, cordas...

Um romance ilustrado por poucos objetivos, alguns planos loucos, desejos confessos, impublicáveis, participações especiais e um tanto de saudades.

Receita de bolo... ou daquele pãozinho doce que é preciso saber fazer antes de querer casar misturada com obscenidades escritas na pele a quatro mãos por corpos atentos e corações distraídos.

Um poema distante: “O mundo é tão antigo, amor...”

Múmias, bares, sotaques e olhares em versos pitorescos. Nestas rimas de palavras cadentes que atrapalham os dias, atravessam as madrugadas, se perdem e voltam a se encontrar no meio do caminho de dois personagens arrogantes.


Imagem de Otto Schade encontrada aqui

Um comentário:

Bendix disse...

Será que os corações são sempre distraídos? É a distração que os enreda?